terça-feira, 15 de novembro de 2011

Que noite foi essa, Caetano [Retrato prévio nosso]

Estou livre, só hoje, de minhas listas mentais de tudo o que precisa estar certo e limpo e enquadrado. (...) Hoje não, martelo. Um dia sem repensar cem vezes todas as coisas que ainda nem pensei. Hoje eu quero me perder... (...) A dificuldade que é me manter uma moça apesar de sentir tão descompensado e compulsivo desejo. A angústia que é querer perfurar o mundo com um buraco. O pavor de que não entendam e diminuam a beleza desse momento e, ao mesmo tempo, a total incapacidade em julgar a opinião dos outros mais importante do que sentir tudo isso.(...) Me derramar em cima de você não é ignorar as estratégias antigas e óbvias de sedução. É só porque realmente não cabe. Não tenho espaço suficiente dentro dos meus ossos para a espiral que você faz com a minha atenção. Vou entrando, aos poucos e continuamente, dentro dos seus olhos e boca e orelhas e nariz. Você me faria ir de ônibus para o Japão sem Rivotril e esse é o melhor elogio que eu poderia fazer a um homem que, por enquanto, só está me olhando e me dizendo que também tem medo de ficar louco. Tudo porque seus buracos me chamam como se eu pudesse me esconder em você sem levar minha cabeça junto. (...) Tudo resguardando uma ânsia que nunca fica clara se é de colocar pra dentro ou se é de colocar pra fora. (...) Troncos alheios e descartáveis para não afundar no mar gelado e escuro dos raros momentos em que a solidão parece o caminho mais difícil. (...) Não tenho vontade de tomar banho, de separar os nós do meu cabelo, de tirar o disco do Caetano. Porque minha preguiça suja, a voz do Caetano e o ar que ainda guarda bem de leve o seu cheiro são os segundos finais do nosso encontro.
É por pessoas como você que eu não troco a tristeza da minha vida por nada.

Tati Bernardi

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

E por uma brecha...



Eu tenho tanto amor dentro de mim, amor pra dar e vender. E é por isso que eu amo tão facilmente, sem nenhuma dificuldade. Basta só eu ter uma brechinha pra entregar esse meu amor.
Se você for legal, ou atencioso, ou der um olhar suspeito, ou qualquer coisa do tipo, ou sei lá (ou o que você fez comigo), pra mim é sinal de brecha, é sinal de corda dada, de moral dada, e ai pronto, fodeu. Tome ai todo o meu amor. Na verdade, apenas parte dele, pois se fosse todo, você se afogaria. Tome ai meu amor, e agora aguente as conseqüências. Quem mandou mexer com quem estava quieto (ou quase)?
Eu sei, que existem certos impedimentos entre a gente, estes que devem ser levado em conta, levado a sério, mas e daí? Não quero deixar de viver por causa de certos conceitos que essa sociedade hipócrita colocou na cabeça das pessoas, desde os tempos primórdios (e você, mais do que ninguém, deveria saber, entender dessas coisas de tempo e sociedade, rsrsrs).
E agora, já que, na minha cabeça sonhadora, a moral foi dada, a brecha foi aberta, eu vou tentar entrar, do jeito que for, eu vou tentar. E não vou descansar até conseguir, pode ir se acostumando comigo.
E sim, eu estou sendo um pouco egoísta. Isto por que tem vezes que se cansa pensar tanto nos outros. E eu preciso ser egoísta em certos momentos. Preciso pensar em mim, nos meus desejos, minhas necessidades, minhas vontades. E também estou sendo um pouco imediatista. Na verdade, eu SOU imediatista (e isso às vezes é um problema). E fico ansiosa, e perco o sono e a paciência, e não consigo descansar, ficar tranquila, me concentrar, até conseguir o que quero.
Tá vendo, quem mandou dar uma brecha justo pra mim, tão cheia de coisas, de complexos, problemas, amores, desejos, ansiedades?...
Enfim, espero que você aceite, que realize o que agora é minha vontade, e que eu espero que seja a sua também...

‎'Faça o que seu coração acha certo. De qualquer forma você será criticado.' Eleanor Roosevelt

See U :*